Grande, escura, coberta de pelos, cheia de patas e ameaçadora. É a descrição mental que todos têm ao pensar no nome "caranguejeira" ou "tarântula". E ela é, sim, tudo isso, exceto pela ultima parte.
Apesar de todo o tamanho, de ameaçadora ela não tem nada, e chegou a hora de desmistificar estes animais.
O ser humano tem o grave defeito de temer (e, infelizmente, matar) tudo aquilo que não conhece. Deste modo, trago aqui informações suficientes para tentar melhorar o convívio do ser humano com estes animais.
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Data: 27/11/2012 (Araneae, Theraphosidae)
Getúlio Vargas, Rio Grande do Sul. |
Primeira coisa que todos devem ter em mente: nenhuma aranha no mundo irá correr atrás de um humano tentando matá-lo. Como qualquer animal, ela só irá picar quando sentir-se ameaçada e não tiver mais nenhum outro modo de se defender. Então, não é preciso pânico quando uma aranha entrar em casa. Apenas espere que ela irá seguir seu caminho sozinha. Ou você pode gentilmente colocá-la para fora utilizando um pedaço de papel.
A segunda coisa é que, contrário a todos os mitos que se espalham pelo mundo, as caranguejeiras não possuem veneno tóxico o suficiente para afetar a saúde de um animal de grande porte, como gatos, cachorros e humanos. O veneno que elas possuem tem potencial para matar apenas as suas presas, que são insetos, outras aranhas e até mesmo pequenos filhotes de roedores.
Deste modo, ter uma aranha dessas em locais onde há infestação de ratos pode ser muito mais eficiente do que qualquer pesticida, pois será um controle natural que não poluirá o meio ambiente!
As presas de todas as aranhas se chamam quelíceras, e é através delas que a peçonha flui para o interior da presa. Apesar do veneno das tarântulas não fazer mal algum aos seres humanos, logicamente ter a pele perfurada pelas quelíceras deixará um machucado no local.
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Quelíceras. Data: 27/11/2012
Getúlio Vargas, Rio Grande do Sul. |
A maior defesa das caranguejeiras está justamente em seus pelos urticantes. Ao se sentir ameaçada, ela posiciona as patas traseiras em cima do abdome e esfrega-o, jogando os pelos no corpo do predador. Eles são muito finos e causam grande irritação na pele de quem os toca, podendo causar vermelhidão e muita coceira.
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Data: 27/11/2012
Getúlio Vargas, Rio Grande do Sul. |
A maioria das aranhas, incluindo as caranguejeiras, utilizam-se das fiandeiras - duas estruturas localizadas no final do abdome - para secretar fios de seda grudentos através de glândulas na ponta das mesmas. As teias são utilizadas como armadilhas para a captura de suas presas. Ao notar a movimentação da presa através dos finos fios da teia, a aranha saberá que capturou algo e poderá se alimentar.
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Fiandeiras. Data: 27/11/2012
Getúlio Vargas, Rio Grande do Sul. |
A ponta de suas patas possuem pequenas unhas que as auxiliam a escalar superfícies lisas. Caranguejeiras habitam tocas que cavam embaixo de pedras, troncos e galhos secos. Também é lá que elas se escondem enquanto aguardam a presa cair na teia. Com as patas dianteiras, elas retiram a terra de dentro do buraco e jogam-na para trás. Os ninhos são muito bem feitos, e recebem acabamentos com uma forração de teia.
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Pata dianteira. Data: 27/11/2012
Getúlio Vargas, Rio Grande do Sul. |
Aranhas fêmeas possuem o abdome maior, para abrigarem os ovos durante o período reprodutivo, assim como os pedipalpos finos (duas estruturas na frente da cabeça, parecidas com pequenas pernas). Já os machos, caracterizam-se por abdome pequeno e pedipalpos com bulbos copulatórios.
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Pedipalpos com bulbo copulatório. Data: 27/11/2012
Getúlio Vargas, Rio Grande do Sul. |
No caso das caranguejeiras, os machos apresentam, ainda, um par de ganchos nas duas pernas anteriores. Eles os utilizam para agarrar a fêmea após a cópula, evitando serem mortos e devorados por elas.
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Ganchos na perna dianteira Data: 27/11/2012
Getúlio Vargas, Rio Grande do Sul. |
Por ser um aracnídeo extremamente pacífico, muitas pessoas no mundo escolhem as caranguejeiras como companheiro de estimação. Logicamente, como qualquer outro animal silvestre, é preciso obter permissão de órgãos responsáveis e adquiri-los em criadouros legalizados. Além de tudo, são sensíveis ao ambiente, necessitando de condições estáveis, aquários grandes o suficiente para que possam viver sem estresse, bem como ter a alimentação adequada, evitando qualquer complicação por falta de nutrientes.
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Data: 27/11/2012
Getúlio Vargas, Rio Grande do Sul. |
No projeto de Biodiversidade na Escola promovido pelos alunos e professores do curso de Ciências Biológicas bacharelado e licenciatura plena da Universidade de Passo Fundo, buscamos mostrar aos estudantes e seus professores a importância de conhecer e preservar a fauna nativa. Apesar da gritaria, todos ficaram muito impressionados em saber que uma aranha grande daquele tamanho não representava perigo algum a eles.
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Projeto Biodiversidade na Escola levando o conhecimento às crianças e jovens da região
Água Santa, Rio Grande do Sul. |
A caranguejeira das fotos anteriores, exceto a em minhas mãos durante o projeto, foi capturada dentro da casa de uma colega de faculdade, que, gentilmente, a cedeu a mim. Não gosto de manter animais trancafiados, fora de seus habitats naturais, portanto, no dia seguinte, após as fotos, ele foi libertado.
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Soltura. Data: 27/11/2012
Getúlio Vargas, Rio Grande do Sul. |
Da próxima vez que se deparar com uma aranha, lembre-se de todo o bem que ela faz e que você nem percebe, como alimentar-se dos pernilongos que tanto infernizam durante as noites de verão.
Antes de tomar qualquer atitude primitiva, lembre-se de que elas têm mais medo de nós do que nós temos delas. É possível conviver em harmonia!